Dos quase 3,8 milhões de estudantes que entraram no ensino superior em 2020, mais da metade optou pela modalidade à distância. Esse é um dos dados consolidados pelo Censo da Educação Superior 2020, divulgado pelo Ministério da Educação. Os cursos EaD representaram 53,4% das matrículas entre os ingressantes. Os demais 46,6% escolheram a graduação presencial. A preferência pelo EaD já foi constatada em 2019 na rede privada, mas pela primeira vez o percentual foi maior ao considerar também as unidades públicas.
Para se ter uma ideia do avanço do ensino à distância, em 2010, a modalidade representava 17,4% das matrículas. Em dez anos, o crescimento foi de 428,2%. No mesmo período, os cursos presenciais registraram uma queda de 13,9%. “A utilização de ferramentas de tecnologia na educação foi, definitivamente, incorporada ao traço cultural do estudante brasileiro, que tem valorizado a flexibilidade”, frisou o presidente da Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (AMIES), Inácio de Barros Melo Neto.
Para ele, essa é uma tendência sem volta, especialmente após a pandemia, que acentuou a utilização de tecnologia e afastou a discriminação em torno do EaD. Cabe às instituições não descuidarem da qualidade. “Essa segurança é importante, inclusive, para o debate que inevitavelmente será posto: a modalidade única, hoje denominada de híbrida, regime que substituirá as modalidades presencial e à distância”. “O cenário indica uma oportunidade para que as instituições repensem seu planejamento estratégico para a graduação e pós-graduação”, destacou.
Acesso ao ensino superior
O Censo 2020 também mostrou que as instituições privadas ampliaram o acesso à educação superior no Brasil. Das 8,6 milhões de matrículas no ano, 77,5% foram realizadas na rede privada, um crescimento de 3,1% em relação a 2019. A fatia foi maior entre os ingressantes: 86%. A pesquisa estatística mostrou ainda que das 19,6 milhões de vagas de graduação ofertadas, 95,6% eram de organizações particulares.
“O setor privado tem a grande maioria não só das matrículas, mas também da formação de profissionais e, assim, exerce um papel central no desenvolvimento do nosso país”, salientou o presidente da AMIES, que ressaltou ainda a importância da rede particular para o cumprimento da Meta 12 do Plano Nacional de Educação: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público.
“Em outras palavras, a educação superior no Brasil é feita essencialmente pelas entidades privadas, que devem ter participação proporcional e importante no debate sobre os rumos da política regulatória do setor”, salientou Inácio. “A AMIES surgiu exatamente nesse contexto, para dar voz às instituições de ensino, que buscam, de fato, oferecer ensino superior de qualidade, cientes da relevância de seu papel”, finalizou.