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Graduação tecnológica cresce com foco no mercado de trabalho

Por Dulce Mesquita

Os cursos tecnológicos registraram o maior crescimento nos últimos dez anos. É o que mostram os dados do Censo da Educação Superior 2020, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De 2010 a 2020, o número de matrículas aumentou 83%, enquanto os demais graus (bacharelado e licenciatura) registraram uma expansão de 31,5% e 22,8%, respectivamente.

Entre os ingressantes, o crescimento percentual foi ainda maior em dez anos: 156,7%. As graduações tecnológicas superaram as matrículas das licenciaturas entre os estudantes que estão começando a educação superior. O bacharelado ainda foi o grau mais procurado, com 55,2% do volume de matrículas, seguido pelo tecnológico (26,2%) e licenciatura (18,6%). Entre os concluintes, os cursos superiores de tecnologia foram os únicos que não apresentaram queda. A ampliação foi de 20,8% entre 2019 e 2020.

Os estudantes que optaram pelos cursos tecnológicos estão migrando, ao longo dos anos, para a educação à distância, assim como nos demais graus. As matrículas na modalidade representaram 70% do total. Em 2010, esse percentual era bem menor: 30%.

“O crescimento nos cursos superiores tecnológicos, principalmente na modalidade à distância, diz muito sobre o perfil dos estudantes no país, que estão interessados no dinamismo, na rapidez e na objetividade que são oferecidos nesses cursos”, avaliou o conselheiro Marco Antônio Marques da Silva, da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE). “Acredito que essa modalidade de ensino crescerá ainda mais no cenário pós-pandemia, pois o ensino tecnológico tem duração mais curta, com foco na aplicação do conhecimento para o trabalho, o que possibilita uma rápida inserção no mercado”, salientou.

Tendência – A expectativa é que os cursos tecnológicos cresçam ainda mais nos próximos anos. Uma das iniciativas que devem contribuir para essa expansão é o Projeto Verticaliza, que pretende proporcionar aos estudantes o aproveitamento dos estudos dos cursos técnicos de nível médio para cursos superiores de tecnologia.

Na primeira etapa da ação, serão capacitados profissionais da educação para que desenvolvam planos pedagógicos que possibilitem essa continuidade de estudos. A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do MEC, em parceria com o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), lançou edital e abriu inscrições para as instituições de ensino superior das redes estaduais, municipais, distrital e federal que ofertam cursos técnicos e superiores de tecnologia, além dos Sistemas Nacionais de Aprendizagem e instituições privadas, militares, comunitárias e confessionais.

“Essa iniciativa está em consonância com Lei nº 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que em seu artigo 41 indica que o conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos”, destacou o conselheiro Marco Antônio Marques da Silva. Ele também lembrou da Resolução CNE/CP nº 01, de 5 de janeiro de 2021, que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica e estabeleceu em seu artigo 12, inciso III, que os cursos de qualificação profissional devem ser organizados na perspectiva de itinerário formativo profissional e tecnológico, com vista a possibilitar o aproveitamento das competências desenvolvidas para a continuidade de estudos.

O período de adesão ao projeto vai até 31 de maio. A primeira turma do curso de aperfeiçoamento tecnológico terá início em julho. No total, serão seis turmas ao longo de dois anos. A ideia é que sejam capacitados 260 profissionais da educação, de 65 instituições.

“O programa, além de estar em consonância com a realidade registrada pelo Censo da Educação Superior, tem potencial para proporcionar diversos benefícios sociais, inclusive com a expansão da qualificação para o trabalho, pois o aproveitamento de estudos constitui grande incentivo para que isso aconteça e para concretização da política proposta pelo MEC, que fortalecerá ainda mais a educação técnica e tecnológica“, ressaltou o conselheiro.