A aplicação da avaliação virtual in loco poderá ser estendida para os cursos de medicina, odontologia, enfermagem e psicologia. Atualmente, essas graduações permanecem apenas com as visitas presenciais nos processos de atos autorizativos. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, essa ampliação “vem sendo analisada pela alta gestão do Inep, com a contribuição de órgãos externos, como a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes)”. Leia mais na entrevista a seguir.
Essa adição traria ainda mais celeridade ao processo de qualificação das instituições de ensino e dos cursos ofertados na rede federal brasileira. Embora tenha sido implementada durante a crise sanitária, a virtualização da avaliação in loco era uma demanda do setor educacional antes mesmo da pandemia.
Até o final deste ano, o Inep pretende realizar mais de sete mil visitas externas. Maior parte dessas avaliações serão feitas pelo formato virtual, regulamentado pela Lei 14. 375/2022. Apenas no primeiro semestre deste ano foram realizadas 3. 687 visitas. Dessas, 88% foram na modalidade virtual e 12%, presencial.
Acompanhamento - Além de permitir maior agilidade às visitas das comissões de especialistas, o novo modelo é menos custoso. Estima-se que as avaliações online gerem uma economia de R$ 20 milhões por ano. Segundo o estudo Avaliação Externa Virtual in Loco: Desafios da Implementação e Análise dos Primeiros Resultados, publicado pelo Inep, o novo cenário aponta para uma revisão de gastos, mesmo considerando a aquisição de infraestrutura de tecnologia e licenças de software envolvidas nessas avaliações. “Com o início da avaliação para os atos de permanência será possível prosseguir com estudos sobre o percentual de custeio provido pelo pagamento das taxas da avaliação in loco pelas IES e efetuar os ajustes eventualmente necessários em seus valores”.
O estudo revela também que a avaliação virtual foi bem aceita tanto pelos avaliadores quanto pelas instituições de ensino superior avaliadas. Mostra ainda que o modelo possibilita aumentar a disponibilidade dos avaliadores para participarem de comissões de avaliação. Outra evidência é que o padrão de atribuição dos conceitos da avaliação foi semelhante, ao comparar as avaliações presenciais e virtuais.
Entre os desafios, está a realização de um mapeamento sobre as competências necessárias à melhor atuação como membro de comissões virtuais, para um maior engajamento de avaliadores e evolução nas ações de formação continuada. “Com essas informações em mãos, será possível delinear novos editais para o reforço de certos perfis no BASis [Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior], com requisitos mais precisos, para a seleção de atores com maior disposição para o trabalho no formato de visita virtualizada”, diz o estudo.
O aprimoramento do modelo passará ainda pela análise dos erros cometidos durante a avaliação, por meio da presença de servidores do Inep atuando como observadores durante as visitas. Essa revisões serão reunidas às informações de impugnação de relatórios por partes das IES, assim como pareceres da Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação (CTAA).
ENTREVISTA | INEP
AMIES: Qual a importância do modelo de avaliação virtual, regulamentado em junho deste ano, para dar mais celeridade aos processos avaliativos das instituições de ensino superior?
INEP: O modelo de avaliação externa virtual permitiu implementar diversos avanços no sistema de avaliação da educação superior, entre os quais: o fortalecimento da organização e do acompanhamento da avaliação e do controle dos procedimentos em cada avaliação; a possibilidade de auditar o processo avaliativo com base nas informações geradas; o aumento de disponibilidade de avaliadores, visto que o tempo dispendido em viagens e outros procedimentos não finalísticos foi drasticamente reduzido; a agilidade no atendimento às instituições e o aumento da interação entre instituição e comissões avaliadoras; e a possibilidade de atendimento a instituições de ensino localizadas em municípios de difícil acesso no mesmo prazo que os demais. Para se ter uma demonstração desses avanços, nos meses de maio e junho de 2022, por exemplo, foram alcançados recordes de mais de mil avaliações em cada mês e, até o final do ano, está prevista a conclusão de mais de sete mil avaliações, evidenciando a recuperação do tempo perdido durante a crise sanitária.
AMIES: Que outras melhorias estão previstas a fim de racionalizar os processos avaliativos?
INEP: A avaliação virtual é uma modalidade que permite acompanhamento mais próximo dos técnicos do Inep, diretamente nas salas virtuais, da performance das comissões avaliadoras, com o objetivo de obter insumos para a melhoria constante do processo. Assim, é possível direcionar o planejamento para a formação continuada dos avaliadores, das instituições de educação superior e dos próprios técnicos. Além disso, a coordenação-geral responsável pelas avaliações está buscando automatizar os procedimentos para aprimorar a designação de comissões e trazer ainda maior eficiência ao processo avaliativo.
AMIES: A avaliação virtual tem o mesmo rigor que a avaliação presencial?
INEP: A avaliação in loco realizada na modalidade virtual apresenta uma mudança incremental da avaliação externa, não propriamente uma nova lógica de avaliação. Assim, a visita virtual é realizada de acordo com os mesmos critérios de análise daquela realizada de forma presencial, porém sem o deslocamento das comissões. Nesse sentido, é importante destacar que os instrumentos avaliativos seguem os mesmos, mantendo a metodologia de identificação das evidências para a caracterização dos atributos previstos nos indicadores, com aferição das condições de oferta das instituições e cursos de graduação. A avaliação virtual promove ganhos orçamentários e logísticos significativos, mantendo exatamente o mesmo rigor da avaliação presencial.
AMIES: Os avaliadores passam por capacitação específica para realizar a avaliação virtual?
INEP: Todos os avaliadores pertencem ao Banco Nacional de Avaliadores do Sinaes (BASis) e realizaram capacitação específica em ambiente virtual de aprendizagem, acerca das particularidades a serem observadas durante a avaliação virtual. Apenas os avaliadores que concluíram a referida capacitação estão aptos a atuar nessa modalidade.
AMIES: A avaliação virtual pode ser estendida, futuramente, para os cursos de medicina, odontologia, enfermagem e psicologia (que hoje permanecem apenas com as avaliações presenciais)?
INEP: A decisão acerca da inserção das graduações de medicina, odontologia, enfermagem e psicologia na modalidade virtual vem sendo analisada pela alta gestão do Inep com a contribuição de órgãos externos, como a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes). A equipe da Coordenação-Geral de Avaliação dos Cursos de Graduação e de Instituições de Ensino Superior tem realizado estudos para fazer a análise da implementação da avaliação virtual, que também servem de insumos para a decisão superior.